"O vento sopra onde quer, e ouves o seu som;
mas não sabes de onde vem nem para onde vai;
assim é todo que é nascido do Espírito"
João 3.8
Menino com linha e pipa na mão
saiu para o mundo com esta intenção:
à espera do vento, segue sua vida
e essa esperança lhe dá fé na lida.
Quando não há brisa ou sopro nenhum,
o menino, confiante, aguarda por um
cicio, que seja, é a confirmação
de que essa é, de fato, sua vocação.
Homem-menino entende que o vento não é seu
e prossegue na certeza
de que soprará o seu Deus
Menino-homem ainda nele permanece
Vem o sopro: lança pipa, lança linha,
lança a Deus a sua prece
23/09/2010
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Conheci o senhor Péricles em meados de março do ano passado. Trocamos alguns emails, encontramo-nos em São Paulo e, pouco tempo depois, em agosto, eu estava trabalhando com ele no escritório da
Missão Aliança em Curitiba. O tempo de convívio permitiu que eu, na minha juventude, aprendesse com a experiência e maturidade dele a servir, integralmente, aos propósitos do Reino de Deus.
As conversas que tínhamos sempre eram desafiantes, traduzindo uma visão de anúncio e vivência do Evangelho em todo tempo, em todo lugar, em todas as áreas da nossa vida. Nas viagens missionárias que fazíamos, eu pude observar e conhecer mais desse mineiro que, certo de sua vocação cristã, entrava em favelas da metrópole paulistana, encarava a pobreza com humildade e verdade, enxergava - independente da situação - a possibilidade de valorização da vida. Com seu abraço e com suas palavras, Péricles preenchia o vazio, que tantas vezes assombra as pessoas em situação de pobreza, com esperança. Isso sempre visando a ações-testemunho do amor de Deus.
No último domingo, o Senhor convidou Péricles para entrar no descanso do Reino. Para mim, ainda por aqui, ficam muitas lições advindas do testemunho de alguém que andou com Deus. Nós estávamos juntos em seu aniversário no ano passado, em 23 de setembro. O tempo de convivência me permitiu escrever um poema para ofertar ao senhor Péricles como presente. Assim nasceu "A pipa, a linha e o vento". Hoje, revisito esse texto. E o homem-menino gostou tanto da brincadeira que se deixou carregar para o céu. Brinque à vontade, menino, a eternidade é sua!