quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
Versão 2012
Está inaugurada a nova cara do blog. É com alegria que a estreia acontece! E, falando em alegria, em breve, vem um texto sobre o lema da página para este ano. Fiquem à vontade para as visitas!
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012
Ato gratuito
Não é difícil, nesses momentos, ouvir perguntas do tipo “pra quê isso?”, “isso vai cair na prova?”, bem como aquelas outras que, embora não se explicitem verbalmente, manifestam-se nas expressões faciais e em risadas debochadas, por vezes, dizendo-me “você está louco?” com suas variações.
O primeiro escopo de perguntas me leva a pensar no utilitarismo pedagógico. Por este princípio, tudo o que se pretende fazer na escola é, meramente, algo possível de aproveitamento imediato, direto e verificável nas avaliações. Como avaliar, então, o despertar emocional gerado por um poema? Como avaliar, então, frente a uma obra de arte, a sensibilização de alguém para determinado aspecto da vida?
O segundo grupo de indagações não é visto por mim como algo pessoal. Antes, “você está louco?” – pergunta manifesta diante de uma leitura expressiva do texto literário – aponta para uma concepção insensibilizada da linguagem e, por extensão, da própria existência na contemporaneidade. É preciso provocar os sentidos de uma geração anestesiada pela tecnologia, ainda que isso soe como loucura por ser, essencialmente, humano.
Voltando à sala de aula, naquele momento em que ofereço à classe um texto literário pelo simples fato de doá-lo à apreciação, quero apenas deixar os estudantes diante de algo que os provoque de certo modo, que os faça pensar, que os sensibilize, que os capture em meio a tantos estímulos impessoais e automatizados que sobre eles se processam. Acredito que a literatura tem a capacidade de sensibilizar, de deslocar-nos do lugar-comum, de provocar em nós reações, conscientes ou não, sobre o que é e como se dá o existir e o ser em suas múltiplas manifestações.
Precisamos do ato gratuito, daquele momento em que a vida pode se expressar sem o peso da obrigação e da utilidade. Em um tempo determinado pelo consumo, o que é gratuito, infelizmente, passa como algo sem valor. Se a pergunta “para que serve isso?” continuar invadindo nossos atos gratuitos, vale a pena dar-lhe um nó, retrucando com um sonoro “para viver”.
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