Você
já imaginou como era a rotina de Jesus? Você já pensou como eram os seus dias?
Convido você a fazer esse exercício a partir da nossa leitura e meditação bíblicas
de hoje. Imagine-se ali com o Senhor, vendo-o andar de um lado para o outro...
Ele se encontra com todo tipo de gente pelo caminho: homens, mulheres,
crianças, religiosos, cobradores de impostos, pescadores, prostitutas, ricos,
pobres, gente sã, gente doente etc. Com toda gente Jesus conversa. A toda gente
Jesus se doa. Com toda gente Jesus se importa. A toda gente Jesus cura,
liberta, restaura e salva.
Ao
longo dos três anos de missão pública em Jerusalém e suas redondezas, Cristo
mostrou que seu ministério era marcado pela disposição de ir ao encontro das
pessoas e de suas necessidades. No nono capítulo do evangelho de Mateus,
acompanhamos um relato detalhado de vários exemplos que comprovam essa missão
de Jesus. Vou enumerar, a seguir, os encontros e as ações de Jesus que o
evangelista destaca nesse capítulo:
·
Jesus curou um paralítico em Cafarnaum
(v.1-8);
·
Jesus chamou Mateus para ser seu
discípulo (v.9);
·
Jesus comeu com os cobradores de
impostos e com os pecadores (v.10-13);
·
Jesus conversou com os discípulos de
João Batista sobre o jejum (v.14-17);
·
Jesus ressuscitou a filha de Jairo,
chefe da sinagoga (v.18, 23-26);
·
Jesus curou uma mulher que sofria, há
doze anos, de uma hemorragia (v.19-22)
·
Jesus curou dois cegos (v.27-31);
·
Jesus libertou um rapaz endemoninhado da
mudez (v.32-34);
·
Jesus motivou os discípulos à missão
(v.35-38).
O
dia-a-dia ao lado de Cristo, certamente, devia ser muito intenso e marcado pelo
inesperado. Ao lermos o nono capítulo do evangelho de Mateus, percebemos a
intensidade que marcou a vida do Bom Pastor e, sem dúvida, também a vida de
seus seguidores. E hoje? Por onde anda Jesus? Com quem ele tem se encontrado? O
que ele tem feito em nossos dias? Ele ainda age assim? Vamos seguir com essas
perguntas por enquanto...
O
trecho a que vamos dedicar especial atenção agora é o final dessa intensa
descrição das andanças e ações de Jesus. Vamos ler atentamente Mateus 9.35-38.
Ao longo desses quatro versículos, percebemos a seguinte organização na fala de
Jesus que Mateus relatou:
·
v.35: Resumo da missão e das ações de
Jesus;
·
v.36: O olhar de misericórdia de Jesus
para com as multidões;
·
v.37: Jesus ensina os discípulos a
respeito da seara;
·
v.38: O chamado à intercessão e à
missão.
O
versículo 35 de Mateus 9 sintetiza tudo aquilo que o evangelista listou em
detalhes ao longo do capítulo, recuperando, com poucas palavras, o histórico de
conversa, de ensino, de pregação do Evangelho do Reino de Deus, de curas, de
libertação que marcou a caminhada de Jesus pelas cidades e pelos povoados.
É
interessante percebermos que, embora tenha feito tanto naqueles dias, o Messias
para, olha e enxerga que as multidões permaneciam carentes, “como ovelhas que
não têm pastor”. O versículo 36 nos revela o olhar compassivo, o olhar
misericordioso de Jesus para com as necessidades das pessoas. Apesar de viverem
cercados por uma sociedade altamente marcada pela religiosidade, as pessoas de
quem Jesus tem misericórdia são carentes de um pastor. Falta-lhes alguém que
lhes pastoreie e seja pastor “segundo o coração de Deus”.
O Senhor, o Bom Pastor,
conhece as necessidades mais profundas de seu rebanho e, no gesto de observar a
multidão, percebe que há muita necessidade em cada uma daquelas pessoas.
No
versículo seguinte, Jesus muda de metáfora: inicialmente, ele falou de ovelhas
sem pastor; agora, ele fala de colheita e de trabalhadores, ceifadores. O
versículo 37 traduz uma fala de Cristo aos seus discípulos, alertando-os para a
realidade do Reino de Deus. No evangelho de João, ele diz: “Abram os olhos e
vejam os campos! Eles estão maduros para a colheita.”
O que Jesus ensina aos discípulos com essa afirmação? O Senhor ensina que é
necessário reconhecer a mão de Deus em ação na história, no cotidiano. Em
outras palavras, Jesus diz aos discípulos de ontem e de hoje que há ainda muito
trabalho a ser feito, porque ele cumpriu a sua parte.
Então, o que faz a colheita
ser grande? O clamor intenso das multidões por instrução
espiritual é grande e, por isso, cria uma seara grande, que necessita de
trabalhadores ativos e dedicados. Cristo é o Senhor da seara!
Por
fim, no versículo 38, Jesus motiva seus discípulos à intercessão, encorajando-os
a clamar ao Senhor da seara para que envie trabalhadores para a colheita. Que é
a seara? Quem são os trabalhadores? A seara, podemos dizer, é a pregação do
Evangelho neste mundo, o anúncio do Reino de Deus, a vivência e o testemunho de
que Jesus Cristo é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
A seara é a intervenção de Deus na história da humanidade que se deu, de modo
pleno e decisivo, no envio, na vida, na morte e na ressurreição de Jesus
Cristo. E os trabalhadores da messe? Quem são? Eu e você, discípulos de Jesus
Cristo, somos chamados à cooperar na seara do Senhor! Digo “cooperar”
propositalmente, porque é o próprio Deus que vai à nossa frente e prepara todas
as coisas de acordo com a sua vontade boa, perfeita e agradável. Na tarefa de
viver e de anunciar o Evangelho, o Espírito Santo opera, gerando convencimento
do pecado, da justiça e do juízo.
Nossa tarefa é sermos obedientes àquilo que o Senhor da seara pede de nós!
Talvez,
eu e você nos sintamos um tanto quanto incapazes para cooperar com Cristo. As
razões podem ser variadas, mas quero lembrar a você a história de Isaías,
profeta que Deus usou para anunciar muito acerca de Jesus Cristo. Em Isaías
6.1-8, lemos o chamado do profeta. Observe que, no versículo 5, Isaías, ao ser
impactado com a presença e a santidade de Deus, reconhece que é pecador (“Ai de
mim! Estou perdido!”) e reconhece que vive em meio ao pecado (“vivo no meio de
um povo de lábios impuros”). Todavia, isso não o tornou inapto para servir ao
Senhor, pois Deus mesmo o purificou e o perdoou (v.6 e 7) e, em seguida,
perguntou “Quem enviarei? Quem irá por nós?” (v.8). Ao ouvir esse desafio do
Senhor, Isaías reconheceu que Deus o estava chamando para cooperar na Sua obra.
Em contrição e em obediência, ele responde: “Eis-me aqui. Envia-me!”
E
hoje? Por onde anda Jesus? Com quem ele tem se encontrado? O que ele tem feito
em nossos dias? Ele ainda age assim? Deixamos essas perguntas em algumas linhas
atrás e quero retomá-las agora. Creio firmemente que Jesus continua passeando
pelas ruas, enxergando as pessoas e as suas necessidades aqui e ali. Creio
firmemente que ele habita em nós, seus discípulos, pois comemos do seu corpo,
bebemos do seu sangue,
temos sua mente e
ele vive em nós.
Assim, por Cristo, somos chamados a ser presença do Bom Pastor para a multidão
aflita e exausta de nossos dias.
Para
concluirmos, quero pensar com vocês em uma realidade que é nossa responsabilidade.
No tempo de Jesus, estima-se que a população de Nazaré era algo em torno de 150
mil pessoas e, mundialmente, havia 170 milhões de indivíduos. Hoje, no mundo, somos
7 bilhões de pessoas. Atualmente, 27% da população mundial
ainda não foi alcançada pelo Evangelho. E, dentre esse total, 86% das pessoas são
muçulmanos, hindus ou budistas que nem sequer conhecem pessoalmente um cristão
que lhes fale do amor de Deus ou os demonstre isso em ações.
Creio
que algumas perguntas podem nos ajudar a buscarmos a orientação do Senhor e a,
em obediência e em submissão à Sua vontade, respondermos ao chamado de sermos
trabalhadores em Sua seara. Vamos, sinceramente, responder a estas perguntas:
·
O que conheço de Jesus que posso contar
aos outros?
·
Quem são as pessoas que Deus tem trazido
até mim hoje?
·
E quem são as pessoas a quem Deus me
manda ir?
·
Eu tenho enxergado as necessidades
daqueles ao meu redor?
·
Como eu posso ser um trabalhador na
seara do Senhor?
Finalizando,
sugiro que oremos ao Senhor para enviar trabalhadores para a Sua seara. Ore
para que Deus desperte gente aqui e acolá! E, também, esteja sensível para
perceber o chamado à missão que Ele faz a você hoje.
Conforme Atos
13.22: “Depois de rejeitar Saul, levantou-lhes Davi como rei, sobre quem
testemunhou: ‘Encontrei Davi, filho de Jessé, homem segundo o meu coração; ele
fará tudo o que for da minha vontade’”.
“Jesus disse:
‘Está consumado!’Com isso, curvou a cabeça e entregou o espírito.” (João 19.30)