Tempos controversos e incertos. O mundo financeiro balança nas altas e baixas das moedas. A cada dia, podemos nos surpreender com as oscilações do dólar e do euro que desestabilizam o cenário econômico mundial. Parece que o mundo contemporâneo assume cada vez mais a forma fluida, frágil e efêmera que os tempos têm conferido a ele e também a nós.
Parece que tudo está passível de ser alterado, desestruturado. E é nesse contexto que olho para aquele que era, que é e que há de ser. A Sua palavra nos diz que Ele mesmo plantou a eternidade no coração dos homens e das mulheres : "também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até o fim" - Eclesiastes 3.11. Talvez como que numa tentativa de nos atrair para Si.
Às vezes, sinto-me cansado da transitoriedade. Sei que ela tem o seu lugar sobretudo na juventude. Mas não me contento em deixá-la como regra da minha vida, numa evanescência do permanente, sólido, constante que também ainda nos caracteriza.
Para pensar na eternidade, extrapolo minha limitação repleta de temporalidade. Pela fé, consigo entender que esta vida não se resume ao aqui e agora. E, quiçá, a fé seja essa semente de eternidade que o Senhor deixou plantada em nossos corações.
Crer nisso, em tempos como os atuais de fugacidade intensa, é desafiador. Esse exercício que alguns podem até chamar de retrógrado, abstrato, impossível ou mesmo de incoerente garante sentido e completa a nossa existência.
Com uma expectativa de vida limitada aos setenta e poucos anos hoje, convencidos de que certidão de nascimento e atestados de óbito declaram início e fim da vida, assustados pelas inúmeras doenças que a luta contra o tempo tem trazido para nós, tornamo-nos descrentes. Parece que não há mais espaço para se pensar na eternidade. Na contra-corrente, brada a voz do Mestre: "E a vida eterna é esta: que te conheçam a Ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste" (João 17.3).
Conhecer a Deus é começar a entender o kayrós, ainda vivendo o chronos. Ou seja, experimentar o tempo na dimensão eterna ainda limitados pelos segundos, minutos, horas, dias, meses, anos... Já dizia Agostinho: "porque nos criaste para Ti e o nosso coração vive inquieto, enquanto não repousa em Ti".
domingo, 26 de outubro de 2008
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
Conversas entre fé e razão

O senso comum muitas vezes leva-nos a acreditar que ciência e religião não podem andar juntas, além disso, os jovens são vistos como alheios à espiritualidade. Entretanto, uma pesquisa da fundação alemã Bertelsmann Stiftung, realizada com 21 mil jovens, entre 18 e 29 anos, em 21 países, mostra que a realidade não é bem assim.É assim que começa a matéria "Universidade é lugar de religião?", publicada no JF em Pauta. Participei das entrevistas da repórter Jaciluz Dias, comentando sobre fé, razão, vida acadêmica e relacionamento com Deus.
Para acessar a matéria, clique aqui.
domingo, 28 de setembro de 2008
O justificador
Dia desses, participei de um debate. Ele, doutor em Teologia. Ela, doutora em Literatura. A discussão girava em torno do valor da Bíblia como texto literário ou não.
Em meio às informações teológico-literárias, resguardados os academicismos e tudo mais, algo que se passou naquela situação permaneceu comigo.
A professora de Literatura apresentou-nos alguns textos poéticos para explicar a relação Bíblia e Literatura. Murilo Mendes, poeta modernista juizforano, foi o seu objeto de estudo.
Foi nessa ocasião que conheci "O justificador" de Murilo Mendes.
Em meio às informações teológico-literárias, resguardados os academicismos e tudo mais, algo que se passou naquela situação permaneceu comigo.
A professora de Literatura apresentou-nos alguns textos poéticos para explicar a relação Bíblia e Literatura. Murilo Mendes, poeta modernista juizforano, foi o seu objeto de estudo.
Foi nessa ocasião que conheci "O justificador" de Murilo Mendes.
(...)
Os homens te dividem em mil imagens falsas:
Mesmo assim, mutilado, esquartejado, sujo,
Dás a todos o único, o insubstituível consolo.
Tuas parábolas publicadas em edições de engraxate
Comovem ao mesmo tempo o ignorante e o poeta.
Os maus sacerdotes em vão procuram te ocultar:
Tu os convertes na última hora, como ao bom ladrão.
Espalhas pela terra teu corpo e tua alma em pedaços.
E cada alma, mesmo ruim, é uma relíquia tua.
Diariamente o mundo te persegue e te mata,
Diariamente ressuscitas e atraís o mundo a ti.
domingo, 14 de setembro de 2008
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