Sexta passada, eu estava responsável por levar uma pequena meditação para um grupo de adolescentes aqui na Noruega. Era uma festa de Natal, com comidas típicas dessa época do ano, gente com gorro de Papai Noel, aquele clima natalino de "Esqueceram de mim".
Como cristão, eu confesso que tenho me perguntado muito sobre o sentido disso tudo, o sentido de se celebrar o Natal como o fazemos. Por vezes, penso que estamos seguindo muito mais um modismo mercadológico. O Natal virou o ponto alto do comércio e, de certa forma, ajuda a manter o dinheiro em primeiro plano, determinando o rumo da sociedade. E mais, essa época tem uma capacidade de incluir aqueles que podem comemorar - quer dizer, comemorar como se diz que tem que comemorar - e excluir aqueles que não podem.
Será que não tem algo mais? Talvez algo escondido atrás do comércio intenso, da correria típica dessa época? Será que não há algo constante? Alguma coisa que não seja só lembrada e "representada" nessa época? Eu estou desconfiado. Sim, estou. Estou desconfiado e perguntando muito por razões, fundamentos, essência. Quero desconfiar do meu conformismo, das respostas simplistas. Não quero fazer as coisas porque "todo mundo faz" ou porque "é assim que a gente está acostumado". Quero ser incomodado por questões, por interrogações e por dúvidas. Quero celebrar o Natal de maneira diferente.
Em meio a tanta coisa que a gente faz, vê e tem disponível nessa época do ano, aquele menininho que nasceu num curral parece que também pode dizer "esqueceram de mim". Sabe, eu não quero esquecer. Eu insisto em olhar para ele nesse tempo. Eu quero achar a luz do mundo em meio às tantas luzes artificiais que enchem as cidades. Eu quero olhar para ele. Eu quero entender o mistério que há ali naquele curral. Quero lembrar que três reis decidiram ir até ele ali naquele lugar e se prostraram, ofertando-lhe presentes. Quero lembrar que gente simples, pastores de ovelhas, também estavam ali, adorando-o.
Depois que esse meninho cresceu, ele disse que estaria comigo todos os dias até o fim dos tempos. E onde é que eu estarei neste Natal?
Voltando à mensagem para os adolescentes. Na semana passada, recebi no meu e-mail um texto, comentando sobre um Natal diferente: na Coréia do Norte. Lá, ser cristão é proibido. Cristianismo é crime, por vezes, com sentença de morte. Lá, muitos cristãos já foram mortos por professarem sua fé em Jesus Cristo nos dias de hoje. Mas a Igreja, não a instituição ou o prédio, mas o povo de Cristo, continua viva naquela terra. E eles celebram o Natal. Sim, arriscando suas vidas, os cristãos norte-coreanos comemoram ao seu modo o nascimento do Salvador.
Abaixo você encontra um texto que fala do Natal desses irmãos e irmãs. Foi isso que partilhei com aqueles adoslescentes na última sexta-feira. O que li me chamou atenção para a essência, para o que é fundamental.
Que Deus nos abençoe e nos conceda um Natal lembrando dEle.
O Natal na Coréia do Norte
Não há luzes piscando, nem ceia de Natal, nem mesmo um culto de vigília para os seguidores de Jesus Cristo na Coréia do Norte. Ninguém tem permissão para meditar no nascimento do nosso Redentor, sem falar que o Natal deveria ser um feriado especial. Mesmo assim, aqui os cristãos celebram o nascimento de Cristo. Este é o relato de uma Igreja que, graças a Jesus, não foi suplantada pelos portões do inferno.
Por um instante, há silêncio na sala escurecida. Então, o mais velho dos quatro homens fala. Ele sabe que precisa falar com serenidade, mas seu coração vai se partindo na medida em que seus lábios começam a se mover.
“Senhor, nós pecamos, porque nos curvamos diante da imagem de Kim Il Sung. E, Senhor, nossos pais pecaram também, porque eles se curvaram diante dos ídolos dos japoneses. Senhor, perdoe-nos! O povo de Israel teve de permanecer no deserto por 40 anos quando fez um bezerro de ouro, mas nós... nós já temos sofrido há mais de 50 anos. Quando será suficiente, Senhor? Quando poderemos abrir as igrejas dos nossos antepassados?”
As palavras cessam. O som de homens chorando preenche a pequena sala. Da parede, Kim Il Sung e Kim Jong Il olham com altivez para o pequeno grupo de homens.
O senso de pecado é muito profundo para os cristãos norte-coreanos. Eles atribuem toda a miséria que o país experimenta ao pecado do povo. A cena nas ruas da capital Pyongyang representa o vazio da existência.
A cidade está repleta de monumentos magníficos, parques bem cuidados e prédios dilapidados. Envolvidas em seus negócios, as pessoas vagam como robôs sem expressão. A tensão das faces trai a vigilância.
Quando passam em frente à estátua de 21 metros de Kim Il Sung, elas se curvam antes de continuar seu caminho.
Cristãos norte-coreanos
Neste Natal – exatamente como em qualquer outro dia do ano – não há luzes festivas nas ruas de Pyongyang. A cidade está imersa na escuridão, como se estivesse constantemente preparada para um ataque aéreo que pudesse acontecer a qualquer momento.
A Coréia do Norte é o único país do mundo para o qual a Guerra Fria ainda não acabou, e um dos poucos países onde não é permitido comemorar o Natal.
“Mas é claro que os cristãos meditam no nascimento de Jesus Cristo”, diz o irmão Simon, que coordena o trabalho da Portas Abertas de uma localidade secreta na China. “Eles apenas não podem ir a uma igreja para cantar ou para ouvir um sermão.
Eles não podem sequer visitar uns aos outros para lerem juntos a Bíblia, por exemplo. Ser cristão na Coréia do Norte é uma prática solitária”.
Cultos secretos
Os pensamentos de Simon se voltam para os domingos na Coréia do Norte. Apenas de vez em quando, acontece de os cristãos se sentirem seguros o bastante para se reunirem em pequenos grupos. Normalmente essas reuniões contam com apenas duas pessoas.
“Por exemplo, um cristão se senta em um banco num parque. Outro cristão chega e se senta ao seu lado. Às vezes é perigoso até falar um com o outro, mas eles sabem que ambos são cristãos, e nesse momento, isso é suficiente. Se não há ninguém em volta, eles podem compartilhar um versículo bíblico que sabem de cor e fazer algum comentário.
Eles também compartilham entre si pedidos de oração. Então eles se separam e vão procurar por outros cristãos em outra parte da cidade. Isso continua no decorrer do domingo. Uma célula normalmente consiste de menos de 20 cristãos, que encorajam e fortalecem uns aos outros dessa maneira. Além disso, há cultos individuais nas casas”.
O Natal também é celebrado dessa maneira. Não há culto na véspera do Natal para os fiéis na Coréia do Norte, mas apenas um encontro com outro cristão. “O Natal é celebrado principalmente no coração do cristão”, afirma Simon.
“Somente se a família inteira se converteu é que é possível ter algo parecido com um culto. Desde que seja possível manter a fé escondida dos vizinhos. Além disso, às vezes é possível promover uma reunião em áreas remotas com um grupo de 10 a 20 pessoas. Muito ocasionalmente, é possível para os cristãos entrarem discretamente nas montanhas e realizar um ‘culto’ em um local secreto. Nesse caso, pode haver quase 60 ou 70 norte-coreanos reunidos.”
Urgência de oração
Lembre-se dos cristãos norte-coreanos em suas orações. Ore pela situação do país em geral, peça que o Senhor modifique o coração de seus líderes. Ore também por aqueles que estão envolvidos no socorro dos nossos irmãos da Coréia do Norte e que, conseqüentemente, enfrentam também muitos riscos ( leia mais).
Tradução: Cristina Ignacio
Por um instante, há silêncio na sala escurecida. Então, o mais velho dos quatro homens fala. Ele sabe que precisa falar com serenidade, mas seu coração vai se partindo na medida em que seus lábios começam a se mover.
“Senhor, nós pecamos, porque nos curvamos diante da imagem de Kim Il Sung. E, Senhor, nossos pais pecaram também, porque eles se curvaram diante dos ídolos dos japoneses. Senhor, perdoe-nos! O povo de Israel teve de permanecer no deserto por 40 anos quando fez um bezerro de ouro, mas nós... nós já temos sofrido há mais de 50 anos. Quando será suficiente, Senhor? Quando poderemos abrir as igrejas dos nossos antepassados?”
As palavras cessam. O som de homens chorando preenche a pequena sala. Da parede, Kim Il Sung e Kim Jong Il olham com altivez para o pequeno grupo de homens.
O senso de pecado é muito profundo para os cristãos norte-coreanos. Eles atribuem toda a miséria que o país experimenta ao pecado do povo. A cena nas ruas da capital Pyongyang representa o vazio da existência.
A cidade está repleta de monumentos magníficos, parques bem cuidados e prédios dilapidados. Envolvidas em seus negócios, as pessoas vagam como robôs sem expressão. A tensão das faces trai a vigilância.
Quando passam em frente à estátua de 21 metros de Kim Il Sung, elas se curvam antes de continuar seu caminho.
Cristãos norte-coreanos
Neste Natal – exatamente como em qualquer outro dia do ano – não há luzes festivas nas ruas de Pyongyang. A cidade está imersa na escuridão, como se estivesse constantemente preparada para um ataque aéreo que pudesse acontecer a qualquer momento.
A Coréia do Norte é o único país do mundo para o qual a Guerra Fria ainda não acabou, e um dos poucos países onde não é permitido comemorar o Natal.
“Mas é claro que os cristãos meditam no nascimento de Jesus Cristo”, diz o irmão Simon, que coordena o trabalho da Portas Abertas de uma localidade secreta na China. “Eles apenas não podem ir a uma igreja para cantar ou para ouvir um sermão.
Eles não podem sequer visitar uns aos outros para lerem juntos a Bíblia, por exemplo. Ser cristão na Coréia do Norte é uma prática solitária”.
Cultos secretos
Os pensamentos de Simon se voltam para os domingos na Coréia do Norte. Apenas de vez em quando, acontece de os cristãos se sentirem seguros o bastante para se reunirem em pequenos grupos. Normalmente essas reuniões contam com apenas duas pessoas.
“Por exemplo, um cristão se senta em um banco num parque. Outro cristão chega e se senta ao seu lado. Às vezes é perigoso até falar um com o outro, mas eles sabem que ambos são cristãos, e nesse momento, isso é suficiente. Se não há ninguém em volta, eles podem compartilhar um versículo bíblico que sabem de cor e fazer algum comentário.
Eles também compartilham entre si pedidos de oração. Então eles se separam e vão procurar por outros cristãos em outra parte da cidade. Isso continua no decorrer do domingo. Uma célula normalmente consiste de menos de 20 cristãos, que encorajam e fortalecem uns aos outros dessa maneira. Além disso, há cultos individuais nas casas”.
O Natal também é celebrado dessa maneira. Não há culto na véspera do Natal para os fiéis na Coréia do Norte, mas apenas um encontro com outro cristão. “O Natal é celebrado principalmente no coração do cristão”, afirma Simon.
“Somente se a família inteira se converteu é que é possível ter algo parecido com um culto. Desde que seja possível manter a fé escondida dos vizinhos. Além disso, às vezes é possível promover uma reunião em áreas remotas com um grupo de 10 a 20 pessoas. Muito ocasionalmente, é possível para os cristãos entrarem discretamente nas montanhas e realizar um ‘culto’ em um local secreto. Nesse caso, pode haver quase 60 ou 70 norte-coreanos reunidos.”
Urgência de oração
Lembre-se dos cristãos norte-coreanos em suas orações. Ore pela situação do país em geral, peça que o Senhor modifique o coração de seus líderes. Ore também por aqueles que estão envolvidos no socorro dos nossos irmãos da Coréia do Norte e que, conseqüentemente, enfrentam também muitos riscos ( leia mais).
Tradução: Cristina Ignacio
Missão Portas Abertas
2 comentários:
Há dias, busco o que ler ou escrever sobre o natal no Blog que tenho. Como bahá'i, não deixo de crer no Cristianismo.. e lembro do natal da minha infancia, com as tradições catolicas, onde dançava o Pastoril na pracinha, comimaos rabanadas, doces portugueses e eramos felizes.- algo carinhoso e doce pairava no ar. Tao simples, como o jeito de viermos com o amor de deus em nossos corações. Achei ótima sua Mensagem..O ocidente vem perdendo o verdadeiro sentido natalino. Historia sobre os cristão da Coréia, lembra-me o sofrimento imposto aos baháis no Irã, onde surgiu o movimento bahái, e onde de maneira similar não deixam de celebrar aquilo que tem significado espiritual para eles...So podemos saber o poder de uma Fé verdadeira, quando estamso constantemente ameaçados em sua manifestação. Provavelmente os cristãos da Coréia estejam compreendendo mais tudo isto, do que os países onde há liberdade de crença e um desvio do proposito do Natal, que mais parece uma festa de magia e com jeito de disneylândia.. Grata pela Mensagem. Vou seguir seu Blog, assinar o feed e tentar repassar para o Blog-Ternura de Deus, de minha propriedade, esta Mensagem. Sônia, desejando um Feliz Natal espiritual.
Cara Sônia, fico contente por esta reflexão ter chegado até você! Obrigado pela sua mensagem! Desejo que o mistério do menino de Belém possa continuar atraindo sua mente e seu coração, relembrando-a que, na singela manjedoura, repousava aquele que reconciliou toda a criação para com Deus. Ao crescer, o bebê de Belém assumiu a tarefa de ser a boa notícia de Deus; ser o caminho, a verdade e a vida. Isso lhe custou perseguição. Ele fez da sua própria vida um testemunho de autenticidade, sendo o Cordeiro de Deus que, pela cruz, tira o pecado do mundo. Um abraço! Um abençoado Natal!
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