quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Tentando (mais que) dizer uma coisa


Este texto pretende-se uma homenagem a alguém que me acompanha a vinte e tantos anos. Não quero dizer com isso que essa pessoa seja velha. Imagina, irmão caçula não faz essas coisas!

Quero lembrar umas coisas que aconteceram em nossas vidas para deixar esse momento com um gosto de mais saudade misturado com infância, já que o tempo fez da menina que brincava comigo uma Bacharel em História.

Lembra, irmã? Lembra de quando eu - ainda bem pequeninho - deitava-me em teu colo de quatro, cinco anos de idade e tentava a minha primeira declaração de amor fraterno, dizendo (dizendo?) "Ú-ú-ú"? Obviamente, eu não desenvolvera memória pra lembrar disso, sei e relembro porque os nossos pais nos contaram.

Lembra, irmã? Lembra da vez em que comíamos pêssego e juntos compactuamos uma encenação: "Vamos fingir que você, Junior, engoliu o caroço do pêssego e precisa de ir pro médico, daí a gente chama a mãe"? Pretendia-se, portanto, uma tosse rouca de engasgo, chamava-se tresloucadamente a mãe como se fosse emergência e a coitada correra para atender aos "berros de mentirinha" que vinham da boca das crianças... Pena que ela era a única que não sabia da brincadeira e, de fato, assustara-se.

Lembra, irmã? Lembra de quando disputávamos para escorregar nas pernas do pai que, assentado na poltrona, após um dia de trabalho, ainda tinha tempo para brincar com o "meu muleque" e a "minha gatinha"? Por vezes, a disputa não era muito amistosa e o papai intervia com um sonoro "parou a brincadeira".

Lembra, irmã? Lembra de quando eu - irmão mais novo - arrumava confusão na escola e sobrava para você acertar as contas? Meu Deus, onde estava o meu juízo, hein? Provavelmente, perdido na inocência de criança.

Lembra, irmã? Lembra de quando você começou a namorar e eu comecei a cumprir a função-maior de um irmão mais novo: ser chato em tudo o que diz respeito a um sujeito denominado cunhado?

Lembra, irmã? Ah, eu sei que você lembra! Essas lembranças agora me fazem sorrir molhando os olhos, deixando uma lágrima desenhar em nossa face um sorriso com gosto de infância, um sorriso com jeito de irmãos. Lembra do nosss sorriso, irmã? Se você se lembra, irmã, eu quero pedir para você estampá-lo em seus lábios e em seus olhos.

Sabe, o bebê que não podia falar, agora briga com as palavras, fazendo-as dizer a você o quanto é amada por ele. Esse menino que junto de você dava trabalho para a mãe, divertia-se com o pai e incomodava o cunhado... Sim, ele mesmo, esse menino que arrumava confusão e deixava para você resolver. Isso mesmo, o menino que está longe. Sim, sim, com certeza, o seu irmão! Saiba, irmã, que ele fica muito feliz de ver que a menina que brincava com ele agora se forma historiadora.

Edson Munck Junior
11 de dezembro de 2007
Noruega

2 comentários:

Anônimo disse...

Nem sei o que dizer.....estou meio atordoada com tamanha manifestação de amor. Meus olhos estão num emaranhado de lágrimas, de felicidade, muita felicidade....Uma alegria imensa em relembrar cada uma dessas histórias que nós construímos juntos, e mais ainda por ver que aquele pequeno que antes me faziam feliz com um simples ú-ú-ú, agora me emociona com o dom das palavras que certamente brotam do coração. Sou grata meu irmão, por Deus ter me proporcionado você, do jeitinho que você é. Único, imcomparável...o MEU IRMÂO!!! Que mesmo distante se importa comigo e encontra tempo para me afagar...parece que sinto seu abraço forte acompanhado daquele beijo que tanto gosto, nesse exato momento. Obrigada por tanto amor, por ser uma exemplo que me anima e encoraja...você é MUITO ESPECIAL.

Certamente teremos muitas outras histórias para contar e relembrar...Aquelas que nosso amado Pai nos permitir construir...

TE AMO muito e agradeço todo amor e carinho que tem por mim!!! Até breve, que o Senhor te abençoe.

Ronni Anderson disse...

Texto lindo!
Sorri e chorei com ele!
Linda a irmandade de vc's!