sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Criação

Por esses dias, tenho estudado o livro de Gênesis. Pode-se dizer que o primeiro livro da Bíblia é o livro dos começos: o começo da Bíblia, o começo do mundo, da história, o começo da humanidade, o começo do pecado, o começo dos conflitos, o começo da redenção.

Gênesis nos apresenta o relato da criação. Certamente, o autor do livro não se preocupou em detalhar como tudo aconteceu, mas revelou quem foi o responsável. Dessa forma, somos apresentados ao Deus-Criador nas primeiras linhas do livro sagrado. E através da leitura dos primeiros capítulos, percebemos que Ele existe desde sempre e é todo-poderoso. Em Romanos 4.17, Paulo fala que o Senhor é aquele que chama à existência aquilo que não existe; além de ser um princípio de fé, essas palavras do apóstolo descrevem a magnitude do poder criador de Deus que se revela nos relatos da criação.

Ao longo dos tempos e, sobretudo, com o avanço da ciência, o questionamento acerca da origem do Universo tem suscitado discussões e, por vezes, impedido muitos de crerem. Na verdade, a questão que se coloca em debate está muito mais próxima ao como citado acima. Evolucionistas e criacionistas já discutem bastante quanto a este ponto[i].

Depois dos postulados do Big Bang, a explosão que teria dado origem ao Universo, a ciência hoje se esforça – tanto em pesquisas, métodos etc., quanto em recursos financeiros milionários – para levar adiante os testes com o acelerador de partículas, o LHC[ii]. A razão de tantos investimentos e diligência é para descobrir o que é capaz de produzir a matéria. Curiosamente, apelidaram o nome da partícula responsável por criar a matéria de partícula-Deus.

A planejada miniatura do Big Bang, o LHC, atualiza o debate e os questionamentos com relação à origem do Universo. E é sabendo de tudo isso que volto minha atenção para o Gênesis também nesta época. Em tempos de relativismos, acredito que entender mais sobre quem criou o Universo é bem mais proveitoso, conferindo sentido à existência não só minha, mas de todas as coisas.

Sim, creio que Deus é o criador do Universo, bem como é o senhor da história. E, conforme atesta o autor do Gênesis, o que Deus criou é bom. Para não supor uma revolta contra tudo o que se diz ciência, cito Voltaire: “O mundo me perturba e não posso imaginar que este relógio funcione e não tenha tido um relojoeiro”[iii]. E é o relojoeiro que tenho encontrado e contemplado na medida em que viro as páginas do livro dos começos.

“Porque criaste todas as coisas e por tua vontade elas existem e foram criadas” (Apocalipse 4.11).

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[i] Para os cristãos que se perturbam com essa querela, aí vai um contra-argumento: a teoria da evolução explica a origem do Universo?

[ii] O físico brasileiro, Marcelo Gleiser, publicou em 28/12/2008 o artigo “Celebrando a ciência” no qual comenta como o ano de 2008 foi marcante, repleto de avanços no campo científico. No texto, Gleiser analisa ainda uma declaração de Obama, na qual o presidente eleito dos EUA reitera que suas ações governamentais vão ser pautadas “na melhor evidência científica possível, baseadas em fatos e não distorcidas por ideologia política” (Caderno Mais! da Folha de São Paulo, p.3).

[iii] Extraída da revista Plenitude, nº 106, março de 2004.

Um comentário:

Ensaio... disse...

Edson, você já leu 'A linguagem de Deus', de Francis Collins? Se ainda não, recomendo! O autor era ateu, e se converteu ao cristianismo. Faz um bom apanhado da relação ciência e fé.